sábado, 10 de setembro de 2011

Sobre o Cyber Espaço

Desde que fechei o Bar (http://cybernews-oblogdocyberespaco.blogspot.com/) não tinha ainda me pronunciado sobre o fato, as pessoas me perguntam, querem saber qual o motivo, outros, em tom de brincadeira, me culpam pelo marasmo em que se tornou a cidade após o fim do Cyber Espaço, e eu penso com meus zíperes: Já vi esse filme.
Lembro-me das mesmas observações quando a saudosa Zenith fechou, foi aquele chororô, mas observo espantado que entre um e outro empreendimento se passaram quase duas décadas, neste interim um vácuo, aqui e ali suspiros de entretenimento de qualidade surgiram tal qual meteoros atraídos por um buraco negro. Nosso amigo Tonho Mascarenhas tentou duas vezes, se bem tenho lembranças, em vão.
Afinal, o que se passou nesta cidade durante 20 anos, desde a pioneira Zenith Night Club para que o mercado local não tenha evoluído para poder manter um padrão de mais alto nível em refinamento e sofisticação? E o mais aterrador é imaginar que poderão se passar outros longos anos até um louco ou visionário resolver presentear a cidade com uma novo point digno da nossa tradição.
Riachão hoje tem as mesmas deficiências de sempre em empreendimentos mais elaborados: falta de mão-de-obra especializada, falta de cultura civilizada de consumo, falta de reconhecimento da população, para citar algumas. Desde que se instalou a primeira pizzaria em Riachão, a Pizza Drinks House ou coisa assim, um improviso só na década de 80, até hoje o que se vê é mais do mesmo, pizzarias e mais pizzarias vendendo algo que parece com pizza e fechando as portas por falta de público ou se tornando meras lanchonetes com pizza no cardápio. Neste tocante, parabenizo o Leo da Degust, buscando melhorar a cada dia, mas e o resto?
Dureza reconhecer que Riachão, tão acolhedora, tão carismática, tão antenada, tem na cultura de seu povo o improviso esculhambado como máxima para se empreender, sobretudo em entretenimento. Aqui só se investe o mínimo para se lucrar o máximo, mas o resultado sempre é o lucro acompanhar o nível do investimento, e vivem-se as consequências dos cacetes-armados perpétuos, onde nunca se ganha além do que se come para sobreviver. O pior é que nesta equação a inversão não fomenta a maximização do lucro, ou seja, quem investe mais, continua a mercê do baixo rendimento, então, somos verdadeiros heróis, aqueles que investem em casas bem montadas e sofisticadas, assim o fazemos por amor ao próprio negócio e não ao capital investido.
A origem disso? Dizer que é coisa recente é mistificar a cultura da agiotagem desenfreada surgida em meados dos anos 80, o buraco é mais embaixo, a verdade é que o povo de Riachão, como traço comum à maioria, tem o ócio improdutivo e não criativo como fonte de recurso. Se der para sobreviver com o mínimo de trabalho, para que se matar de trabalhar? Aqui se investe à sombra das ideias alheias, por isso os bons negócios sofrem com a concorrência viciada em copiar os bons resultados testados. Nestes casos, sofre os criativos e os copiadores, pois o consumidor jacuipense jamais valorizou aquele que contribuiu com o desenvolvimento da cidade, que tirou da especulação aquele dinheiro a 5% para gerar empregos e renda para a cidade, exemplos não faltam.
Nem queria falar de política, até por que se uma sociedade tem o empreendedorismo como vertente, as barbeiragens dos políticos geram menos danos à economia local, mas se não somos assim, então dependemos obrigatoriamente de políticos empreendedores, visionários e honestos, para projetar o futuro da cidade, para pensar além das próximas eleições e buscar uma saída duradoura para a nossa querida cidade. É esse tipo de político de que precisamos, onde estarão?
Quanto ao Bar, faz parte do passado de Riachão, embora muitos não lhes deem o crédito que merece, o Riachão lhe é grato por ter tido como anfitrião um lugar tão bacana, e pessoas de várias outras cidades, ao visitá-lo (esse testemunho tenho em mente aos milhares) pensaram estar numa cidade progressista, pioneira e voltada para o futuro. Por isso nem quero ter o dissabor de saber das frustrações daqueles que ao nos revisitarem atualmente encontrem a cidade carente de um lugar especial como era o Cyber Espaço.

Um comentário:

  1. Parabéns pelas deduções.
    Muitas vezes nos pegamos relutantes para falar em política. Receamos ofender este ou aquele que poderia mudar a situação de uma sociedade e mesmo assim, nada faz... Ocorre que não se pode falar de problemas sem apontar soluções e, grande parte das soluções precisa mesmo de decisões políticas. Uma cidade para ser atraente, precisa ser bem gerida. Para que receba novos investimentos e para que os olhares do mundo se voltem simpaticamente para ela, há de estar organizada e oferecer boa estrutura.
    Não é à toa que Riachão do Jacuípe tem o crescimento pífio de 100 habitantes por ano.
    Algo está muito errado e a solução passa por decisões políticas.

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